Toda crise tem um fim. Mas o que define o futuro de uma empresa não é o fim da crise – e sim como ela age enquanto está no meio dela.
As crises são cíclicas, assim como os períodos
de crescimento e euforia. O verdadeiro diferencial está na capacidade das
empresas de atravessar esses momentos com resiliência, eficiência e
inteligência estratégica.
A questão central não é apenas esperar a crise
passar, mas sim como agir para transformar desafios em oportunidades. E
isso passa, antes de tudo, pela maneira como a empresa gerencia seus
recursos internos e otimiza suas operações.
Eficiência
Interna: A Primeira Linha de Defesa
Diante da volatilidade do mercado, muitas
empresas direcionam seu foco para fatores externos, mas a maior alavanca de
transformação está dentro de casa. Nos momentos de crise, a busca por
eficiência operacional e financeira deve ser intensificada. Algumas
perguntas críticas precisam ser feitas:
🔹 Receita: O plano de vendas está sendo executado de forma
eficiente? As políticas comerciais por canal, cliente e região estão bem
definidas e aplicadas? Há oportunidades para uso de dados e inteligência
comercial para otimizar a precificação e previsibilidade da demanda?
🔹 Margem Operacional: Existe um controle real sobre a
rentabilidade por produto, canal e cliente? Como a empresa pode aumentar
sua margem com gestão de custos e tecnologia aplicada?
🔹 Complexidade: O portfólio de produtos e os processos internos estão
otimizados ou existem redundâncias que elevam os custos sem agregar valor?
Tecnologias como automação de processos (RPA) e analytics podem reduzir
ineficiências?
🔹 Despesas Gerais: Todas as oportunidades de otimização das
despesas administrativas foram exploradas?
🔹 Capital de Giro: O fluxo de caixa está equilibrado? Como
ferramentas digitais podem antecipar necessidades e melhorar a liquidez?
Esses aspectos são fundamentais e, apesar de
parecerem óbvios, muitas empresas negligenciam essas análises no momento
certo, focando apenas no aumento de receita como única alavanca e deixando
de lado a eficiência operacional e a sustentabilidade financeira.
Estudos indicam que empresas que investem em
eficiência operacional durante crises historicamente se recuperam mais
rápido do que aquelas que adotam uma abordagem reativa ao mercado.
A Crise
Como Catalisadora da Eficiência
A economia brasileira passou por diversos
ciclos de crescimento e retração. O que temos observado em nossos projetos é
que empresas que priorizam a eficiência interna não apenas atravessam
períodos difíceis com mais solidez, mas também saem mais preparadas para a
retomada.
Em vários casos, ganhos expressivos foram
obtidos simplesmente por um olhar mais atento à eficiência, eliminando
desperdícios e implementando boas práticas de gestão. O mais interessante? Se
não fosse a crise, muitas dessas oportunidades nunca teriam sido capturadas.
O Que Vem a
Seguir?
Embora a eficiência interna seja a base para
garantir resiliência e crescimento sustentável, nenhuma empresa opera
sozinha. O próximo passo é olhar para a cadeia de valor e entender como
fornecedores, clientes e parceiros impactam diretamente a capacidade de reagir
à crise e capturar oportunidades.
Na próxima discussão, exploraremos como
empresas que gerenciam bem suas cadeias de valor conseguem obter vantagens
competitivas mesmo em cenários desafiadores. Afinal, tão importante quanto
ter uma estrutura interna eficiente é garantir que todo o ecossistema de
negócios esteja alinhado e preparado para o futuro.
Quem Age,
Cresce. Quem Espera, Perde Oportunidades.
Se há algo que se confirma a cada novo ciclo
econômico, é que as oportunidades não desaparecem – elas apenas mudam de
lugar. Empresas preparadas e estruturadas conseguem enxergar o que muitos
não veem e se posicionam para capturar valor mesmo em momentos de crise.
A crise não escolhe vítimas – mas as
oportunidades escolhem aqueles que estão preparados. No final, crescer em
tempos difíceis não é sobre esperar o cenário melhorar, e sim sobre enxergar
oportunidades antes dos concorrentes. Quem age, sobrevive. Quem se antecipa,
cresce.
Adriano Pagnone
Sócio-Fundador da Althum Saggio
| Especialista em Strategic Sourcing, Supply Chain e Gestão Empresarial
Ex-Kearney & Webb | +20 anos de experiência em
Procurement, Estratégia e Transformação de Negócios